O poeta
tenebroso em manchas e borrões, em cores de escuridões. De
pinceladas sonolentas, carregadas de tédio e rancor que escorrem
densas feito sangue, turvas feito lágrimas, formando uma poça de
lama e beleza. Na superfície rugosa da tela se destorce a imagem
em angústia, que esconde mais do que diz, que pergunta mais do que
pode afirmar. Os olhos do poeta, donde nasce a poesia, transborda a
melancolia das horas que se esvaziam no tempo que já não quer mais
passar, e por isso paira em eternidade por sobre a galeria da
solidão. Da minha solidão, da solidão do poeta, do pintor, do
espectador incógnito de tudo isso... Em seu rosto carcomido, azulado
de velhice, vivem as marcas do sofrido, do lembrado e do esquecido. A
esperança já morreu, mas a vida primitiva se manteve. Ele pensa o
impensável e busca na palavra o incompreensível do mundo, mas se
perde em devaneios e já não sabe como regressar ao banal da vida
orgânica, por isso mergulha abandonado nas águas inconscientes da
poesia ainda por fazer, sempre por fazer... Na mão, que repousa
cansada, segura cambaleante o copo de conhaque, que tenta esquentar a
alma fria e animar o corpo decadente. Bebe poeta, mantem-se
embragado, de álcool e de poesia, que a vida é um gole que desce
ardendo, uma página amaçada de versos dissonantes, e la fora a
noite espera impreterivelmente tua volta ao começo.
A Força
-
"A ação perfeita é devoção". Li em algum livro de ocultismo da Helena
Blavastky, e nunca me esqueci, no meu coração sentia que era a mais pura
verdade. Des...
Há 7 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário