segunda-feira, 12 de março de 2012

O abstrato de mim

Um fantasma sempre me ronda!
No passo que dou, é ele quem anda.
No gesto que faço, é ele quem toma.
No meu pensar, é ele quem sente.
O fantasma é minha sombra,
que me precede e antecede,
no mesmo ciclo do sol.
E que só se fará em mim,
no luminoso meio-dia,
ou na obscura meia-noite.

domingo, 11 de março de 2012


Enquanto o suicida tenta justifica o fim da própria vida, a grama ao seu redor cresce pelas brechas da calçada, e mesmo na sujeira embaixo de sua unha, a vida insiste em proliferar injustificável.

domingo, 4 de março de 2012

A repetição que gera a diferença

Todo dia subo a mesma rua, desço a mesma rua, e o som dos meus passos repetitivos me diz:   onde...? onde...? onde...?
Todo dia atravesso a mesma praça, na partida e na chegada, e o canto dos pássaros nas árvores me diz: quando...? quando...? quando...?
Todo dia eu pego o mesmo ônibus, que me leva e me traz, e o murmuro das pessoas nos bancos me diz: como...? como...? como...?
Toda noite, eu durmo e sonho com as múltiplas possibilidades para os muitos onde, quando,  como...                                                    Quando acordo pela manhã, os sonhos se recolhem ao esquecimento, para que a vida possa recomeçar de novo, sem onde, quando e como.

sábado, 3 de março de 2012

Dialogo Intimo

O homem soturno desce a rua deserta: 
-Quem es tu homem soturno, que máscara de mistério cobre teu rosto?
- O que sou não se diz, o que sou não se vê, o que sou, seja lá o que for, está além de qualquer sentença ou imagem.
- E o que carregas em tua bagagem homem soturno, o que guardas em teu peito?
- Na mala levo o Tempo, silencioso e constante. No peito só o vazio de um Amor sempre errante
- Enfim, para onde vais homem soturno, que destino lhe aguarda?
- Vou rumo ao indefinido, venho de longe do esquecimento, meu passo não se move, caminho sobre a eternidade, se chego ou se parto, já não importa, tudo isso faz parte da mesma viagem torta.
E ao longe desaparece feito fantasma o homem soturno, na escuridão da noite movediça...