segunda-feira, 4 de junho de 2012

Discurso 5


O olhar é um meio entre meios, um instrumento entre instrumentos, uma linguagem entre linguagens. Todo olhar, assim como toda palavra que nasce de um olhar, é uma forma de mediação entre a verdade interna e a externa do Ser que se reencontra no olhar, entre o micro e o macro universo. Todo olhar se faz através de... O próprio olhar faz parte do ato de atravessar algo, traspor, transgredir, transcender, além das fronteiras e fantasmas, do horizonte do visível ao amago da invisibilidade. Por dentre os olhos vemos o mundo tanto quanto o mundo nos vê, a assim compomos a dupla função mistica do olhar, a de revelar o Ser nas coisas e as Coisas no ser. Como um espelho de duas faces, em si mesmo vazio e infinito, mas repleto de reflexos de sombras eternas e imemoriais, resíduos vivos da Coisa-em-Si. O olhar que reflete e que refrata, que faz curva, que mergulha, que se subdivide em mil cacos e fragmentos de memória. Que guia e constrói o por vir, no mesmo ritmo que analisa e refaz o experimentado.

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