Do imemorial mais antigo, as vezes me surge como um relâmpago
cortando minha consciência cotidiana, abrindo fendas no
tempo-espaço, o desejo primordial, como uma sombra, por de trás de
um objeto qualquer, que por um curto período me apraz em ilusão. É
o delírio do seio que alimenta a fome, a fusão, o regresso ao corpo
materno, ao amago da terra, as entranhas de Deus. Donde se inaugura a
instancia do sujeito-desejante e se desencadeia o movimento do tempo,
que se expande infinito entre uma carência e o cumprimento dessa,
iniciando a história de uma subjetivação da parte individualizada
do Todo, rumo ao nada. E depois que o primeiro passo se abre em
caminhos, se fazem curvas em labirintos sem rumo, a semente do
desejo, plantada na ausência se ramifica rizomática, e perdida de
toda origem, se constroem em sistemas descentrados, em dispositivos de
desejos que se interelacionam em contradição e se fazem em
conjuntos de possibilidades por entre as camadas do real e do imagnário.