domingo, 3 de junho de 2012

Imagem de mulher

                                                 (Azul- pintura sobre pano)


Dos delírios de solidão, de dentro da noite imóvel e intransponível, me surge onírica a face de mulher! As múltiplas cores abstratas de humores corporais, formam esse ser feminino de puro paradoxo apaixonante, como um o reflexo cambiante de um espelho d' água que se desfaz ao menor toque. Amorosamente indiferente, friamente sensual, que esconde no rosto de lado, meigo e blasé, um latente amor carnal. Que mistério guarda essa mulher que desconheço? Que parte incógnita de mim mesmo só nela se revela? Um amor imemorial, perdido no passado ou esperando distante no por vir... Quantas vezes por mim ela passou? No bar, na mesa ao lado, no metro descendo na estação anterior, perdida no meio da multidão. Deixando apenas uma silhueta esguia e malemolente gravada em minhas retinas desejantes. De que fantasia erótica ela saiu? De dentro da memoria inventiva ou da lembrança da pela e da saliva? De faces mil, entre fraguentos cubistas e cores expressionista de um filme francês preto e branco. Me invoca e me proibi, me beija e me afastas, ama-me tanto quanto me despreza, é parte de mim e minha ausência. Mãe que da a vida, e viúva negra que fecha o caixão.

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