sábado, 3 de dezembro de 2011

A Chuva que cai...

(Lívio Abramo- Chuva Paraguay, xilografia)

A chuva que cai... banha a madrugada com águas serenas e cobre toda a superfície da cidade com uma leve película translucida, multiplicando as imagens em mil gotas e poças d'água, como se tudo fosse feito de espelhos. Um espelho frente ao outro, refletido o infinito vazio de dentro de nós.
A chuva que canta soturna seus ritmos fluviais, batucando nas folhas das árvores um som constante e hipnótico, como o culto mistico a um antigo Deus, que parece transpassar os ouvidos até os sonhos, onde navego nas águas da eternidade. As águas em sua textura fluida, disforme, dissolúvel, efêmera, que escorre e penetra nas brechas da terra, que corre nas veias da vida como rios furiosos, nos corpos dos seres, nas almas aflitas, e leva os pesares todos para as profundezas distantes do abismo do mar. Cai chuva de vida, que as vezes soa como a morte, fundi-te a minhas lágrimas que também escorrem de meus olhos de ternura. E na noite fria lava os desconsolos, leva os desenganos, molha todo ódio e acalma meu coração. Nos teus ciclos ei de renascer como tu, transfigurada, transfiguradora, sempre velha e sempre nova, sem distinção no tempo, no eterno retorno de si mesma...

3 comentários:

Homero, O Junkie disse...

http://www.youtube.com/watch?v=SIpexzfOcBY

Homero, O Junkie disse...

oouuu fui eu que publiquei o link encima! mas tava no seu login, porque foi vc que entrou... tem crítica melhor do que essa? quando sua arte é associada a uma outra em um casamento, alinça de amor?
beijos da sua flor das águas,
Camila de Marilac

Homero, O Junkie disse...

*aliança...