quinta-feira, 18 de março de 2010

Mensagem para ela(eu)

Quem é Clarice? e quem sou eu? como ser Clarice? como não ser Clarice? como ser...?e o outro como é? o que ele me diz? é como espelho, como verso e como prosa(?!) É pura literatura(,)o espelho, como é ler Clarice e pensar Clarice? é possível não ser Clarice? ser a si mesmo e o outro também?! olhar em seus olhos é ver a mudez da palavra que ela diz mesmo sem dizer(!) quem é Clarice então? será que descobrindo quem ela é posso saber quem sou eu? Ela é G.H, é Rodrigo S.M, ou quem sabe Macabeia? é Ana, é Laura, é...(?!) Também eu posso ter muitos nomes, pois o meu mesmo já esqueci, e só vou me lembrar no dia da Morte (!!!) vejo Clarice, olho seus rostos, seus olhos, suas palavras, e sinto que vejo tanto(!), que tudo fica infinito e ai então já não vejo mais nada... ver é a pura loucura do corpo ( “ “) entro nela pelos olhos, em sua alma, sua palavras falam do silêncio, pergunto o porque disso, e ela reponde com a simplicidade de criança sabia: não sei... não sei porque, ela fala sobre a duvida com a certeza de quem não teme o inconpriencivel, pelo contrario, busca-o, olha-o com temor de respeito, e se delicia, quem me dera também ousar como ela! posso(?!) também sofro de mudez, também minha alma inquieta clama pela palavra que nunca sacia, eu sei! Ela sabia, e me disse bem baixinho para não apavorar os doutores da gramática e os crentes da vida (!) é porque a vida é para se morrer dela (quando se diz uma coisa se diz o dito ou o redito?!!!!!), ai que bom ler Clarice! olhar em seu espelho e ver a mim, a palavra! mexer em suas gavetas, seus mistérios do espírito guardados na matéria pelo tempo, bebe-los, torna-los também meus! meus segredos(!), minha Clarice! ver fotos, a juventude, a velhice, os amores, os amigos, as cartas e rabiscos ( ) ai que deleite! poesia, devaneio, sonho e realidade (<) tudo que não tenho, tudo que não sou... sentado em seu sofá (ora atencioso, ora sonolento, ora lendo, ora conversando, ora só passando(...)) ouvi-a dizer coisas, mas era sua imagem quem me falava, seus gestos diziam mais que as palavras, que bela! Será a vida um conto, que se começa a escrever e não se pode acabar, até que em determinado momento de cansaço o rasgamos cheios de raiva?! Ela me diz como é difícil de explicar essas coisas, tenho que concordar plenamente, muito difícil! é que tudo é tão incerto(!) não é Clarice? O cotidiano banal de uma dona de casa, a epifania que rompe com realidade, a vida que brota das profundezas da terra, fluida, fulgurante e perigosa (!), será que é para isso que serve a escrita? para desabrochar a rosa no peito?! Ela me disse que a escrita é a maldição que salva, a beleza dos mistérios que se resolvem se repetindo!compartilhamos nossas solidões, ela de um lado da página e eu do outro, o tempo entre nós não nos afastou e nos tocamos por um raro instante de pura beleza! Hoje sinto-me eu e ela, e sinto que posso ser tanto quanto possa me caber, como nela cabia o incabível ...

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