sábado, 18 de abril de 2009

Nascimento: reminiscências da vida



Quando da aurora da vida surgi em prantos das entranhas da mulher, chorava de dor e de medo do mundo que para mim se apresentava nefasto e misterioso. Do corpo que para mim, amontoado de carne, sangue e ossos, mais parecia uma prisão orgânica com seu terrível pesar, com suas funções e disfunções ainda inexploradas e por isso assustadoras. Braços e pernas a se debater, olhos sugando toda a luz do ambiente e formando estranhas figuras disformes, ouvidos captando sons, ruídos, vozes que ainda nada diziam, boca a soar um grito agudo que brota das profundezas de minha garganta. Descubro as sensações corpóreas e com elas a dor e a necessidade. Sinto fome, sinto cede, sinto frio, sinto calor, sinto mãos a me tocar, sinto a carne que me recobre e pesa. Assim nasci, homem e mortal! Mas porque fui condenado ao degredo da vida?! Porque fui arrastado com tamanha brutalidade de fora do tempo, da paz eterna do Nada, para as turbulências da existência?! A resposta quem traz é o Silêncio...!

Um comentário:

Anônimo disse...

uff!
que imagens...