Estou em uma rua de mão única, os lados opostos refletem o mesmo
infinito misterioso. O corpo cravado na imanência do agora, vasto e
poroso, transpassado de tempo. A frente o amanha, onde vejo as
sombras estranhas do ontem. A paisagem abstrata e nebulosa brinca de
enganar minha visão vacilante. As imagens imprecisas se transformam
de acordo com o vento que me sobra pelas costas da memória
adormecida, despertando fantasmas incongruentes. Se sussurra o vento
as lembranças de um mar, de ondas turvas de cor esmeralda, tudo se
ilumina com os tons da esperança, e os raios de ouro do sol sobre
minha cabeça, desenham histórias de prazeres indeléveis, de amores
irrestritos, e posso até sentir o cheiro do calor da vida que arde
no rosto e no coração de carne sensível e pulsante. Mas se o que
me vem desse mesmo vento de outrora, pesa nas costas da alma como a
angústia antiga dos mortos esquecidos, descobre-se da familiaridade
dos dias comuns o elementos bizarro que escapa a razão em tormento.
Plantado o temor, desabrocha a rosa de um espírito avarento. E os
passos que antes pareciam rumar ao futuro, se voltam para traz, em um
andar de curupira, deixando pegadas que apontam para o contrário. E assim
descubro que a mesma rua de mão única é agora a contramão de tudo
que passou, e se volta novamente ao ponto desconhecido de onde parti
para o então... onde o destino irremediável brinca nas linhas casuais
do inesperado. E não tarda a surpresa a tocar em meu ombro e
desperta de meu sono a vidência de um tempo ainda por vir.
A Força
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"A ação perfeita é devoção". Li em algum livro de ocultismo da Helena
Blavastky, e nunca me esqueci, no meu coração sentia que era a mais pura
verdade. Des...
Há 7 anos
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