domingo, 6 de janeiro de 2013

Discurso 62

Do imemorial mais antigo, as vezes me surge como um relâmpago cortando minha consciência cotidiana, abrindo fendas no tempo-espaço, o desejo primordial, como uma sombra, por de trás de um objeto qualquer, que por um curto período me apraz em ilusão. É o delírio do seio que alimenta a fome, a fusão, o regresso ao corpo materno, ao amago da terra, as entranhas de Deus. Donde se inaugura a instancia do sujeito-desejante e se desencadeia o movimento do tempo, que se expande infinito entre uma carência e o cumprimento dessa, iniciando a história de uma subjetivação da parte individualizada do Todo, rumo ao nada. E depois que o primeiro passo se abre em caminhos, se fazem curvas em labirintos sem rumo, a semente do desejo, plantada na ausência se ramifica rizomática, e perdida de toda origem, se constroem em sistemas descentrados, em dispositivos de desejos que se interelacionam em contradição e se fazem em conjuntos de possibilidades por entre as camadas do real e do imagnário. 

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