segunda-feira, 14 de maio de 2012

Discurso 1


Desvio de pulsão libidinosa para o exercício sublimador da dor. A especulação interpretativa, a produção de sentidos tidos como palavra ditas e ouvidas. Que mesmo ilusórias e parciais, como metades, como fragmentos da Coisa-em-Si e em Nós, parece relevar aspectos misteriosos da existência supra racional. Mirar o Caos, vivido, furioso, obscuro ao nosso redor, e por tanto, dentro. Buscar alucinado, como quem está tomado de luz, moldar símbolos com as mãos feito um oleiro, e cobrir o Vazio, humanizar o supremo Nada. Proclamando a beleza efêmera das palavras-imagem que brotam do desproposito de nossa arte! De nossa curiosidade infantil! E de nosso gosto pelo artificial, pelo espelho. Como a criança que constrói castelos de areia na beira do mar, e ri quando os vê destruídos pelas forças inevitáveis de si mesma ou do mundo.

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