quinta-feira, 14 de maio de 2009

Escondida no banal



Hoje me deparei com a Beleza! Ela estava assim como quem não quer nada, perdida no mundo cotidiano, por acaso pegou o mesmo ônibus que eu. De repente ela se levantou do banco pouco a minha frente, e parou por um milésimo de segundo. E só essa aparentemente insignificante fração de tempo me permitiu lançar um olhar e pescar a imagem dela em minha mente. Com os olhos é possível possuir as coisas, os olhos abertos rumo ao externo, como as portas da consciência. Ela não trazia uma estética de cinema nem capa de revista, era simples e sensual, talvez mais comum do que eu esperava. Mas em um momento intangível, em determinado ângulo, em certa incisão de luz, o contraste com a sombra, a devida temperatura do ambiente e as propicias condições físicas e psicológicas. Eis que ali, nessa caótica e infinda estatística do real, me surge a Beleza encarnada em corpo de mulher! Nesse curto tempo meus olhos derreteram por sua esbelta silhueta, escorrendo da face, pelos olhos e lábios, passando pelos cabelos aos ombros, até chegar e reter-se no decote da blusa branca que exaltava as arredondadas curvas dos seios. Às vezes não sei ao certo se vi realmente o que vi ou se foi tudo imaginado! Acho que no fundo nem importa mesmo... Senti e o sentido se vale por si só, fora da Razão. Pude testar as forças de sociabilidade colocadas em mim, os laços da moral. Naquele instante eu só queria possuir a Beleza, tela para mim como um prêmio ou tesouro. Senti então a força de minhas raízes, meus instintos naturais. Se desperta minha fome mais antiga, a dos primórdios! Isso tudo no subterrâneo de mim, pois fora reina a aparente calmaria do dia a dia. Por sobre a película do normal, me encontro sentado, calmo e cooperativo como um bom e domestico humano civilizado. Meus desejos foram controlados e jogados para algum lugar escuro do inconsciente. Talvez voltem em forma de sonho erótico ou delírio cotidiano. O ônibus parou e ela se foi. O fato que fica registrado por minhas retinas é que em um ônibus comum, em um dia qualquer, entre pessoas normais, nem mais nem menos, vi a Beleza passar, inflar minha imaginação com seu sopro caliente e desaparecer sem nem mesmo acenar...!

3 comentários:

Anônimo disse...

humm...texto sexy!
mas essa foto...não.

Ninguém disse...

Por causa de reclamações sobre a foto que acompanhava esse texto, no caso a reclamação de minha única leitora, fui impelido a mudá-la.Essa é uma ilustração de Milton Dacosta, retirada do livro de poesias eróticas de Drummond chamado “Amor natural”.Espero que goste cara leitora!

Anônimo disse...

rsrs! sim...melhor meu caro poeta.