segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Na rua do alheamento

Recito meus pensamentos em uma língua morta e sigo repetindo como um mantra pelas ruas a dentro, como uma música interior que ressoa silenciosa pela solidão monumental da cidade branca. Avanço descompassado cortando o espaço geometrizado. Em um movimento inerte cruzo por entre blocos de concreto e vidro, e as cortinas verdes dos jardins de decadência. Vejo passar por mim sombras, projeções cinematográficas do que sei, que revelam em suas imagens turvas o que não sei, e talvez, não se possa saber, se não por um único segundo antes do esquecimento. Caminho em suspenso, desvio de mim, já não consigo me alcançar. E subo, pairando, distante, distante... onde tudo parece pequeno, delicado, prestes a desaparecer. Nuvens, sonhos...

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