terça-feira, 13 de julho de 2010

O lugar da Arte

Convenço-me não sem duvidar, de que a Arte é a única coisa que pode preencher o imenso vazio que sinto em meu peito. Vazio esse que nasce dos primórdios da origem do Desejo. A Arte em seu sentido metafísico, diretamente ligado a condição humana, aliada da consciência em sua missão de dissimular a vida, e ao mesmo tempo da inconsciência em sua missão de guardar os mistérios da vida.  Somente ela pode realmente acalentar  meu coração, aquecer minha alma e incitar-me a mover, a fazer, a criar. A dar valor as coisas externas por saber que no fundo as coisas em si não tem valor nenhum, que a vida, esse presente grandioso e irônico dos Deuses, é na verdade gratuita e inútil. E só resta sonhar, cultivar ilusões, que  nunca são totalmente falsas, pois sempre carregam um dose de verdade e realidade. A arte que externaliza o interno e internaliza o externo em um constante processo dialético entre o indivíduo e seu mundo, transformando  para o homem o universo estranho e hostil, em  seu infinito particular. A Arte antídoto contra o Desespero, manto da beleza que cobre o horror da Morte, palavra iluminada contra a escuridão do Nada. Assim entendo a Arte, e como diz o poeta; “a Arte que alivia da vida sem aliviar de viver”.
    Cabe a um homem sóbrio dedicar-se a uma atividade inútil, e sabendo-a inútil pratica-la com amor e sem pesar, como se nada mais importasse (e não importa!). Nisso consiste a saga do artista, seja qual for sua arte, cientista ou pintor, agricultor, pedreiro ou operário, gênio, louco ou comum, pois no fundo toda atividade essencialmente humana é a principio artística, porque tudo que se faz com Verdade se faz com Arte, e a verdade é a arte de bem mentir.
     Assim sendo, porque não enganar-me?  Fazendo da minha vida uma pintura, opera ou filme, onde eu finja ser grande poeta, e tal como um ator esquizofrênico que entalha as próprias máscaras, representar a tragédia de minha existência, mesmo que eu seja o único espectador solitário de mim mesmo, mesmo que minhas palavras nunca saiam desse quarto, nunca encontrem a luz do sol da realidade, nunca soem aos ouvidos de gente.  Queria que todo o meu Medo, Solidão, Angustia e Melancolia, explodisse em Beleza eterna e vingadora!

Nenhum comentário: