terça-feira, 27 de novembro de 2012

Discurso 141

Perdi a noção de tempo como percurso, nas lacunas da memória inconclusa, nos fragmentos das narrativas rabiscadas. E as horas se desdobraram em desertos de horizonte espelhado, onde todo passo regressa a si mesmo. E por isso tudo em mim é distância, e toda distância é terra, que o vento leva ao léu.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Discurso 66

Quero celebrar a vida como quem compactua com a  morte. E mesmo frente ao inominável proclamar o terrível Sim sagrado! E toda carne que clama viverá seu transbordamento e o mistério se fará presente,todo em um único lapso de tempo, todo agora, e para sempre e nunca...

sábado, 3 de novembro de 2012

Discurso 90

Minha poesia é o avesso de minha alma. O reverberar inverso de tudo que me transpassou, me habitou e me deixou, me feriu e me afagou. Tudo quanto eu não posso mais calar. E o silêncio vira cântico e lamento. E o que antes era carne, sangue e angústia se dilacera em palavra, que vai para além de minha boca, se estendendo para fora de mim, me dizendo mais do que eu poderia dizer. Se tornando estanha, se tornando o Outro.