sábado, 3 de novembro de 2012

Discurso 90

Minha poesia é o avesso de minha alma. O reverberar inverso de tudo que me transpassou, me habitou e me deixou, me feriu e me afagou. Tudo quanto eu não posso mais calar. E o silêncio vira cântico e lamento. E o que antes era carne, sangue e angústia se dilacera em palavra, que vai para além de minha boca, se estendendo para fora de mim, me dizendo mais do que eu poderia dizer. Se tornando estanha, se tornando o Outro.

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