domingo, 15 de fevereiro de 2009

Meditação de dia de domingo



Às vezes sinto um tédio quase mortal. Ele chega como quem não quer nada, sem aviso prévio ou motivos aparentes, e se instala em mim em um final de manhã de domingo. Meu espírito parece pesar uma tonelada! Tal estado se perpetua por todo o dia e só se finda com a chegada do Sono que anuncia um novo dia e cala as vozes da Angústia.
A idéia que faço do Tédio esta diretamente ligada à sensação do Nada. O tédio não é a falta do que fazer, pois isso nunca falta, mas sim a total falta de sentido para qualquer coisa que se venha a fazer. É como um cansaço antecipado, o desproposito da ação e até mesmo do pensamento, o esvaziamento de todos os motivos, de todas as razões e de toda a vontade. Não é a Morte, e mais como boiar na existência; a existência nua e crua, sem as quimeras da metafísica e os signos lingüísticos. É o se deparar cara a cara com o Nada, o mesmo que alucina a mente do suicida e encanta o pensar do filosofo.
Levanto inebriado de tédio e não encontro posição que me conforte, na cama, no chão, na cadeira ou no sofá, nenhuma atividade me apraz. Passo horas perdidas e sem marcação, a olhar sem propósito os livros na minha estante. Não leio uma página sequer, parece que não há nada a ser dito entre tantas palavras. Sento no computador e tento esboçar algum pensamento, quem sabe uma poesia me salve! Logo nas primeiras tecladas vem-me a sensação do Nada... Largo tudo e passo a nada querer. Tomado por um poderoso torpor, arrasto meu olhar sonolento por todos os cantos do quarto e cada detalhe me parece mais igual e trivial do que jamais poderia ser. Corpo inquieto, mente volúvel há divagar. Saiu na rua e perambulo como um sonâmbulo ou uma sombra perdida na eternidade, sem onde ir, onde chegar ou mesmo para onde voltar. Li uma vez em um conto de Voltaire um personagem afirmando que o homem nascera para viver nas convulsões da inquietude ou na letargia do tédio. Não me arrisco a dizer qual é a mais trágica, mas sinto agora no corpo a letargia como uma doença, o ópio dos ópios.
Não sinto nada, não quero nada, não sou nada... Preguiça de ser e de estar, só carrego mesmo comigo a ociosidade que me devora todo o esforço e me aleija todo agir. De vontade tísica e imaginação moribunda deito-me derrotado na cama como quem perdeu a guerra sem nem lutar. De olhos arregalados, fixos no branco do teto, sinto o vazio, infinito vazio... O dia passa em uma completa morbidez, como se o Tempo tivesse morrido, e quem matou foi o Tédio...

2 comentários:

Anônimo disse...

Ai ai...vc cometeu uns erros que trouxe umas ambiguidades muito engraçadas:

1- Inebriad A ???? Ou inebriad O ?!
2- "come" uma pessoa que perdeu a guerra de olhos bem arregalados!!!

Mas tirando essas ambiguidades que pra mim foram bem cômicas. Achei um dos textos mais íntimos e sinceros que vc escreveu até agora!!! Beijo!

Ninguém disse...

Obrigado pelas correções. Li várias vezes e nem percebi, ta ai uma das importâncias do olhar alheio! É constrangedor quando a correção automática do Word deixa transparecer minha “santa ignorância”! Sem duvida nenhuma que isso é cômico, gostaria muito de conseguir rir mais de mim ao invés de ter tanta auto piedade, o que só torna a situação mais patética ainda.