domingo, 19 de junho de 2011

A figura de mulher atormenta meus sonhos, íncita meus desejos e depois some como sombras incertas, me deixando ao leu, afogado em desalentos. A mulher, simbolo de minhas ilusões perdidas, despedaçadas, inacessível A solidão é como um degredo e o amor uma palavra bonita que leio em prosa e em verso, e na boca dos poetas quase parece fazer sentido. Nunca conheci o amor de uma mulher, e carrego a impressão de ser invisível aos olhos delas, ou as vezes percebido  como um cão bonitinho, tolerado por ser inofensivo. Em algum lugar perdido de minha memória, a rejeição feminina lançou-me na eterna melancolia. Desacredito de mim mesmo, não sou bem um homem como me querem, mas um tipo de espantalho humanoide e desajeitado, que desprovido de qualquer tipo de carisma, mais atrai por suas formas bizarras e cômicas. O enorme desejo que sinto, guardo a sete chaves nas profundezas de mim, essa é minha força castrada, meu maior pecado, meu crime, que reprimo e controlo através de minhas práticas onanistas cotidianas e secretas. Minhas fantasias sexuais solitárias, alimentadas pela pornografia virtual, criam no meu exterior uma aparência de desinteresse sexual. Sou o que chamam um assexuado. Tudo o quanto desejo, fujo! Temo! Apenas meus olhos calados e tímidos acompanham tristes e desesperançados as belas e atraentes formas femininas que passam ao meu redor sem se quer notar minha inexpressiva existência de inseto, que por perder as asas não pode mais deleitar-se do néctar das flores desdenhosas. Meu semblante blase apenas esconde a fúria de minha sexualidade primitiva e latente em meu corpo desconhecido...

terça-feira, 14 de junho de 2011

No alheamento do Amor

Tenho sofrido por amor, um amor que perdi, ou um amor que nunca tive, talvez um amor esquecido no tempo imemorial, antes de mim, perdido na memória. O fato é que sofro, sem saber bem porque sofro, se é que há algum motivo para sofrer se não o próprio sofrimento de existir sem porque.
Há em meu Ser um vazio, um hiato de mim, que por mais que eu tente preencher reinventando-me, sempre me escapa no por vir. Sinto uma falta de palavras que me traduzam, sinto-me uma gramatica velha de sintaxe prolixa, que se repete e gagueja nas mesmas frases. E se penso no amor, não sei o que é ou deixa de ser, sei apenas que me doí no peito sua ideia abstrata como um espinho fincado na carne. E se dizem que o amor uni, em mim seu poder oposto afasta-me de mim mesmo, sua ausência separa-me dos outros que me cercam como um rio em fúria que não ouso transpor. Haverá algum dia uma ponte que me ligue a outrem que não pela morte? Haverá um comboio que me leve do deserto de mim aos campos floridos do amor por mim?
Não espero muito da vida, pois cansa-me a ideia de ter que esperar algo mais que a morte. E ao invés da ilusão que engana, prefiro fomentar em minha alma o sonho que embala a vida vivida alheia a si mesma, distante de toda objetividade inútil, de toda conquista estéril, de todo desejo redundante. Vivo e calo! Pois não carrego a visão futura dos profetas, nem a certeza eterna dos loucos. Apenas a fria lógica da incerteza que trai e da possibilidade que vislumbra espantosa.